Por Mónica D. Smythe e Vilma Aguiar
João Correia Defreitas nasceu em Paranaguá, estado do Paraná, em 23 de novembro de 1937. Quarto filho de seis irmãos, cresceu em Paranaguá, litoral do estado. Seu pai trabalhava como fiscal na alfândega e sua mãe foi professora primária, uma das primeiras normalistas a se formar no Instituto de Educação de Curitiba, como ele gosta de ressaltar. A família era relativamente pobre e os pais lutaram muito para dar aos filhos toda a educação necessária, valorizando e destacando a importância dos estudos, de forma que todos fizeram curso superior.
Terminada a etapa inicial do ensino, foi para Curitiba e passou no concurso do Banco do Estado do Paraná (Banestado), seu primeiro emprego e, em 1963, iniciou, na PUC-PR, o curso de Bacharelado em Sociologia Política e Administração Política, na penúltima turma, já que algum tempo depois o curso foi encerrado pelo regime militar. Foi ainda sociólogo da Secretaria de Obras do Paraná (1966-1979) e em 1967 concorreu a uma bolsa de estudos para fazer a Licenciatura em Ciências Sociais, curso que o levou para Lisboa, Portugal. Em 1967, realizou a Especialização em Sociologia e Política na Universidade de Coimbra, Portugal. Em 1968 entrou no Mestrado em Ciências Sociais e Políticas, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, realizando sua pesquisa com a temática “A comunidade lusíada”.
Já no Brasil, fez uma Especialização em Planejamento Governamental, (MINIPLAN, CEPLAM, Brasília, 1971) e a partir disso participou de 25 missões internacionais representando o Brasil e o MEC no período de 1972 – 1978. Entre 1980 e 1983 foi assessor da Secretaria de Ensino Superior, a convite do ministro Ney Braga, para assuntos relacionados à educação no Ministério de Educação e Cultura. No período, foi membro de comissões oficiais em que participava de diálogos na área da educação, dentre as quais podemos salientar a Brasil e França; Brasil e Bélgica; Brasil e Inglaterra; Brasil e Portugal.
Em 1978, realizou o curso de Sociologia Política em nível de DEA (Diplôme d’Études Approfondies) na Universidade de Nanterre (França). No período, foi aluno de grandes nomes da sociologia e da antropologia europeias, como português Adriano Moreira, o espanhol Manuel Fraga Iribarne e os franceses Raymond Aron e Raymond Boudon, dentre outros.
Foi professor adjunto da Universidade do Rio Grande (1979 – 1985). Atuou também como consultor da coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior CAPES (1984 – 1987), e no ano de 1985 entrou na Universidade Federal do Paraná – UFPR, onde ficou até 1997.
De 1988 a 1991 realizou o Doutorado em Ciências Sociais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, pesquisando o tema “O espaço de expressão cultural portuguesa e a necessidade de sua preservação”. A pesquisa aborda a herança portuguesa no Brasil em viés culturalista. Já com o doutorado concluído foi professor convidado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, representando a UFPR (1991 – 1992).
A partir de 1997, já aposentado na UFPR, associando-se a Wilson Picler, fundou a Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER, da qual se tornou diretor acadêmico. Em sua trajetória, essa iniciativa vinha ao encontro de seu interesse de prestar um serviço à sociedade, auxiliando no desenvolvimento do país, num contexto de acesso restrito e desigual ao ensino superior.
Dada sua larga experiência na área de relações internacionais, uma de suas principais colaborações para a educação no Brasil foi estudar os cenários de países europeus e buscar, com base nesse conhecimento, soluções para as questões educacionais brasileiras. Um exemplo disso foi, tendo participado juntamente com Rui Vieira, Edson Machado de Souza, Osvaldo Nascimento entre outros, das discussões iniciais que culminam na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), buscar inspiração nas discussões realizadas no mesmo período na Comunidade Europeia e que culminaram na chamada Declaração de Bologna (1999). Aqui, um dos frutos dessas discussões e aproximações com o Processo de Bologna foi a criação dos cursos tecnólogos, com ênfase na prática profissional, embasados em disciplinas aplicadas e priorizando a ida dos profissionais formados para o mercado de trabalho e, também, para a educação continuada com cursos de pós-graduação.
Foi ainda pioneiro da expansão da educação por todo o país, usando a tecnologia da educação a distância por satélite. Nesta iniciativa, a busca de educação de qualidade, plasmada na preocupação com a a formação dos professores, foi uma constante. Sempre ciente de que trabalhar com ensino e educação exige uma grande responsabilidade, já que envolve formação de pessoas e esta deve possibilitar o desenvolvimento máximo as suas potencialidades.
Por fim, sua colaboração ultrapassa o âmbito estritamente institucional, pois, detentor de uma personalidade agregadora, fez da educação uma missão de vida, e do convívio fraterno, uma constante, destacando a gentileza como item importante nas relações humanas. Seu olhar foi sempre para a esperança de melhorias vindas com as novas gerações, enxergando na educação o fator fundamental para isso.
Sugestão de obra do autor:
DEFREITAS, J. C. O espaço de expressão cultural portuguesa e a necessidade de sua preservação. Tese de doutorado. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Lisboa: 1990.