por Mariana Barreto (UFC)
Eduardo Diatahy nasceu em 1935 em Fortaleza, no Ceará. Graduou-se em Letras Neolatinas (1960) e em pedagogia (1965) pela Universidade Federal do Ceará. Especializou-se em Psicologia e Epistemologia Genética (1960) pela Université Paris – Sorbonne, Paris IV, e em Pesquisa Educacional (1962) pela Universidade de São Paulo. É doutor em Sociologia do Conhecimento (1976) pela Université François Rabelais, Tours, na França, sob a orientação de Jean Duvignaud onde defendeu a tese intitulada “Une épistemologie des sciences de l’homme – Aspects de la contribuition de Jean Piaget”. Realizou estágios de pós-doutorado em Antropologia Histórica (1987) pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e em Sociologia da Religião (1990) pela Université Paris – Descartes – Sorbonne, Paris V, sob a supervisão de Jacques Le Goff e Jean Delumeau. Em 1980 tornou-se professor titular da Universidade Federal do Ceará, defendendo a tese intitulada, “O Enigma de Jano Caboclo – para uma leitura sociológica da literatura de cordel”, revelando a marca indelével da cultura popular em seus interesses de pesquisa. E professor titular e emérito, aposentado, das Universidades, Federal e Estadual, do Ceará.
Eduardo Diatahy iniciou sua carreira como professor em 1961 na Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, posteriormente vinculada à recém criada Universidade do Ceará (1954). Em seguida, aproximou-se dos intelectuais associados ao Instituto de Antropologia, fundado em 1958, e dirigido por Thomaz Pompeu Sobrinho, engenheiro e antropólogo, entusiasta incansável para o desenvolvimento das ciências sociais no seio da Universidade do Ceará. A partir de 1963, Eduardo Diatahy juntou-se ao eclético quadro de professores da nova Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (1961), onde se abrigavam os Departamentos de Educação, Geografia, Letras, Ciências Sociais e Filosofia. Em 1966, com a criação do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia, e do curso de licenciatura em Ciências Sociais (1968), Eduardo Diatahy será um dos oito professores a integrar o precursor Departamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da agora Universidade Federal do Ceará. Ainda na segunda metade da década de 1960, no esteio da autonomia há pouco conquistada, o novo Departamento experimentou a ampliação de seu quadro docente, a criação do curso de bacharelado em Ciências Sociais; avançou no desenvolvimento de cursos de especialização e aperfeiçoamento, abrindo caminhos para a criação do Mestrado em Sociologia do Desenvolvimento (1975), delimitando as fronteiras do que viria a ser o programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC (1994). Eduardo Diathay foi um notável artífice nos processos de articulação e consolidação destes avanços experimentados.
O retorno ao Brasil, após a defesa de sua tese de doutoramento, marcou as estruturações e celebrações de fecundos acordos para circulação internacional de professores/as e estudantes via programas de intercâmbio e cooperações científicas que haviam fomentado, tanto sua própria formação, como a de seus/suas colegas. É certo que tais ações se deram como desdobramentos da incontornável missão empreendida em 1968 por Jean Duvignaud, no âmbito do projeto inaugural de cooperação e assistência técnica empreendido pela Unesco para o desenvolvimento das ciências sociais na UFC. Todavia, ainda entre 1959 e 1960, Eduardo Diatahy, com uma bolsa de estudos concedida pela Aliança Francesa do Brasil, acompanhou os seminários de professores consagrados como Raymond Aron e Georges Gurvitch e conheceu os jovens Jean Duvignaud e Georges Balandier. Os dois últimos realizaram missões de trabalho em diferentes períodos nas ciências sociais da UFC, graças à celebração dos acordos interuniversitários, dentre eles um pioneiro projeto Capes-Cofecub (1978) que contou com a atuação eficaz de Eduardo Diatahy ao longo de sua profícua duração. Os intensos movimentos de circulação e trocas entre o Brasil, a França e outros países, a urgência para divulgação das pesquisas e eventos realizados no âmbito das colaborações dispostas, ganharam, em 1970, uma nova forma de difusão. Nascida na desfavorável conjuntura interna da ditadura militar, mas na benfazeja condição de periódico franqueador do trânsito de ideias e de autores/as, intelectuais, nacionais e estrangeiros/as, a Revista de Ciências Sociais constituiu mais um dos projetos levados a efeito por Eduardo Diathay, tanto como membro de seu conselho de redação, quanto, em seguida, como seu diretor e editor, por mais de uma década.
Na continuidade de seu trabalho como sociólogo, notadamente de sua atuação pública, política, compôs o conselho fiscal da primeira diretoria da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), no biênio 1977-1978 e foi secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por vários mandatos, onde contribuiu para a organização, em Fortaleza, da 31ª Reunião Anual da SBPC, no simbólico ano de 1979.
Sugestões de obras sobre o autor:
HAGUETTE, Teresa Maria Frota (Org.). Memória das Ciências Sociais na UFC – Um exercício de análise institucional. Fortaleza : Edições UFC, 1991. 261p.
CASTRO, José Liberal de. Posse do sócio efetivo Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes. Discursos e Conferências. Revista do Instituto do Ceará – 1995. 187-195. Disponível em : https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/1995/1995-DiscursoPosseEduardoDiatahyBezerraMenezes.pdf
VIEIRA, Sulamita. Caminhos das Ciências Sociais na UFC. 2ª Edição (Revista e ampliada). Fortaleza : Edições UFC, Memorial UFC e Imprensa Universitária UFC, 2018. 412p.