Por Leonardo Augusto Lopes Rodrigues (LAPES/PPGSA/UFRJ)
Antônio Augusto Pereira Prates nasceu em 1945 em Teófilo Ottoni (MG). Graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade de Minas Gerais (UFMG), em 1969. Dois anos depois, iniciou sua carreira como professor e pesquisador na mesma Universidade, onde permaneceu até se aposentar, em 2015. Sua formação inclui, também, o mestrado em sociologia obtido em 1976, pela State University of New York em Stony Brook, e o doutorado em Sociologia e Política, obtido em 2005 pela UFMG.
Ao longo desses anos, Prates participou ativamente nas discussões da sociologia brasileira. Sua produtividade pode ser notada na frequência de seus trabalhos nos principais periódicos e eventos da área. Entre seus primeiros temas de interesse, inclui-se a Sociologia das Organizações e a burocracia. A partir dessas temáticas, Prates produziu trabalhos sobre teoria sociológica e suas aplicações para as instituições brasileiras. Suas produções cobriram objetos de estudos variados, como a administração pública, as instituições privadas e movimentos sociais, por exemplo.
Como professor foi peça importante na formação de várias gerações de pesquisadores e novos professores em diversas instituições. Na atividade de ensino, Prates combina a análise teoricamente refinada com uma permanente inserção empírica, qualidades de uma sociologia robusta e frutífera, como mostram seus estudos e aqueles de seus alunos. Como eles saberão reconhecer, uma sociologia “da melhor qualidade”!
O resultado desses trabalhos indica uma característica da prática profissional de Prates que é a articulação entre as dimensões acadêmicas e o debate público de forma mais ampla. Sua passagem pela Fundação João Pinheiro, como pesquisador e diretor, nas décadas de 1980 e 1990 expressa a inserção de seu trabalho de pesquisa na produção e avaliação de políticas públicas. Sua participação, junto a um grupo de pesquisadores, na criação e no estabelecimento do Programa de Treinamento Intensivo em Metodologia Quantitativa da UFMG (MQ) é um exemplo dessa característica. O programa contribuiu para a formação de pesquisadores e na oferta de ferramentas que possibilitassem o melhor aproveitamento de dados disponíveis no Brasil. Sua atuação, nessa área, contribuiu não só para o aprimoramento metodológico das Ciências Sociais no Brasil, como também para a internacionalização dos centros de pesquisa. Entre os ganhos sociais mais evidentes, destaca-se a produção e análise de dados sobre a região metropolitana de Belo Horizonte, através do BHSurvey. Em seu currículo, é comum encontrar a produção de resultados e diagnósticos que poderiam ter consequências efetivas sobre a formulação de políticas públicas ou organizações específicas.
O interesse nas organizações foi direcionado, nos últimos anos, para a análise do ensino superior brasileiro. Prates tem uma rica produção nessa área, especialmente para aqueles que buscam entender as diferenciações internas desse setor de ensino, os tipos institucionais e a formas de gestão. Seus trabalhos oferecem alternativas metodológicas, como a identificação e categorização de modelos institucionais, importantes para o entendimento dos efeitos da expansão do ensino superior sobre os perfis sociais dos estudantes e sobre a inserção deles no mercado de trabalho. Tema que é relevante, entre outras coisas, para entender a relação entre desigualdade e as importantes transformações no ensino superior brasileiro nas últimas décadas.
PRATES, A. A. P.; BARBOSA, M. L. O. . A Expansão e as Possibilidade de Democratização do Ensino Superior no brasil. Caderno CRH, v. 28, p. 327-340, 2015.
Sugestões de obras do autor:
PRATES, A. A. P.; COLLARES, A. C. . Desigualdade e expansão do Ensino Superior na Sociedade Contemporânea😮 caso brasileiro no final do Sec. XX e princípios do Sec. XXI. 1a. ed. Belo Horizonte: Fino Traço, 2014. v. 01. 184p .
PRATES, A. A. P.; FREITAS, Renan Springer de ; PAIXÃO, A. L. . Temas Contemporâneos de Sociologia Clássica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1992. v. I.
PRATES, A. A. P.; Faleirro, M. ; PAULA, T. S. . Natureza Administrativa das Instituições de Ensino Superior, gestão organizacional e o acesso aos postos de trabalho de maior prestígio no mercado de trabalho. Sociedade e Estado (UnB. Impresso), v. 27, p. 25-44, 2012.
PRATES, A. A. P.. Ampliação do Sistema de Ensino Superior nas Sociedades Contemporâneas no Final do sec. XX: os modelos de mercantilização e diferenciação institucional – o caso brasileiro. Estudos de Sociologia (São Paulo), v. 15, p. 125-146, 2010.
PRATES, A. A. P.. Universidades VS Terciarização do Ensino Superior: a lógica da expansão do acesso com manutenção da desigualdade – o caso brasileiro. Sociologias (UFRGS. Impresso), v. 17, p. 102-123, 2007.
PRATES, A. A. P.. Organização e Gestão das Instituições Universitárias no Brasil: o caso das IFES. Administração em Diálogo, São Paulo, v. 04, p. 9-20, 2003.
PRATES, A. A. P.. Sindicato: Organização e Interesses no Contexto da Sociedade Capitalista Avançada. Revista Brasileira de Ciências Sociais (Impresso), São Paulo, v. 1, p. 28-40, 1986.
PRATES, A. A. P.; PAIXAO, A. L. ; ANDRADE, L. A. G. . Ciclo Básico: Um Estudo de Implementação de Políticas Públicas. Revista brasileira de estudos pedagógicos, Brasília, v. 67, 1986.
PRATES, A. A. P.. Dilema Institucional dos Institutos de Pesquisa no País. Análise & Conjuntura (Belo Horizonte) (Cessou em 1993. Cont. 0101-5826 Fundação JP), v. 1, p. 73-87, 1986.
PRATES, A. A. P.; PAIXAO, A. L. ; ANDRADE, L. A. G. ; Gardenal, L. . Análise da Implementação do Ciclo Básico na Universidade brasileira. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, Rio de janeiro, v. 20, p. 41-60, 1985.
PRATES, A. A. P.. Burocratização e Controle Organizacional: O Contexto da grande Empresa Industrial. Revista de Administração Pública, Rio de janeiro, v. 15, p. 112-128, 1980.