CP12 – Sociologia da Ciência e da Tecnologia

Coordenação

Fabrício Neves (UnB)
Daniela Alves (UFV)

Os estudos que têm a ciência e a tecnologia como objeto de pesquisa e reflexão teórica gozam de uma longa tradição nas ciências sociais, em particular na Sociologia, Antropologia e Ciência Política, além de contarem, hoje, com a colaboração importante do campo interdisciplinar dos denominados estudos em ciência, tecnologia e sociedade (CTS). Tais estudos problematizaram uma infinidade de aspectos da produção, circulação e impactos de ciência e tecnologia, ressaltando a do desenvolvimento. No caso das tradicionais disciplinas das ciências sociais, a sociologia da ciência e da tecnologia constitui um dos subcampos mais consolidados da área. Estes estudos priorizam a dimensão interna da produção da ciência, como valores, práticas e hierarquias envolvidos na atividade científica, e a dimensão externa, no que tange à circulação do conhecimento, suas controvérsias públicas e seu impacto transformador nas sociedades contemporâneas, incluído aí o tema do desenvolvimento social e econômico. Destacam-se estudos de controvérsias científicas, estudos sobre a história da ciência na dimensão macro, ciência e estado, legitimação de expertises científica em cortes de justiça, governos e empresas, perda de confiança na ciência, gênero e ciência, hierarquias e dinâmicas internas, entre outros.

A sociologia da ciência teve uma atualização nos últimos quarenta anos, tornando-se agora interessada no próprio estudo do conteúdo do conhecimento, inserindo nas novas abordagens uma dinâmica mais interdisciplinar e transdisplinar. O método etnográfico passou a ser usado para compreender a ciência como uma subcultura moderna, com suas práticas, valores e crenças específicas. Assim, o laboratório, em geral os de ciências naturais e exatas, é o lugar privilegiado para estes estudos, que enfatizavam o caráter ordinário, idiossincrático e mundano das práticas científicas.

Concomitantemente, a sociologia da ciência sempre teve um renovado interesse no debate sobre políticas de ciência, tecnologia e inovação. Este debate envolve uma longa tradição de investigação sobre processos de elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas para área, bem como dos efeitos socioeconômicos dessas políticas. Dessa problemática surgem os estudos pioneiros do assim chamado pensamento latino-americano em ciência, tecnologia e sociedade (PLACTS). Tais estudos passaram por diversas fases e basearam-se nas mais variadas vertentes teóricas e modelos empíricos, como a teoria da dependência, estudos geopolíticos, abordagens neo-schumpeterianas e da economia solidária, no sentido de compreender temas como a dependência tecnológica, sistemas locais de inovação, política pública em ciência e tecnologia e inovação, inovação social, tecnologia social, entre outros.

No Brasil, o campo da sociologia da ciência se encontra em desenvolvimento pelo menos desde a década de 1970, repercutindo os avanços teóricos e empíricos realizados em contexto estrangeiro, mas também criando uma tradição em determinadas áreas e temas de interesse e aderência nacional. De forma não exaustiva, destacamos políticas de ciência, tecnologia e inovação; tecnologias sociais; gênero, ciência e tecnologia; entendimento público e comunicação das ciências e tecnologia; participação e governança das ciências e tecnologias; ciências, tecnologias e meio ambiente; ciências, tecnologias e relações Norte/ Sul global e centro/periferia e ontologias da ciência e da tecnologia.

O presente comitê propõe tratar de forma interdisciplinar o tema da ciência, tecnologia e sociedade, buscando oferecer um espaço de diálogo entre pesquisadores que tenham como objeto de pesquisa o conhecimento científico e a tecnologia em seu enraizamento político e social e seus efeitos em múltiplos âmbitos, inclusive no desenvolvimento em sentido amplo.

Apoiadores

Adélia Miglievich Ribeiro (UFES)
Adriano Premebida (UFRGS)
Ana Lucia Lage (UFBA)
Anete Ivo (UFBA)
Daniela Alves (UFV)
Daniel Guerrini (UFTPR- Londrina)
Fernanda Sobral (UNB)
Ivan da Costa Marques (ESOCITE.BR)
João Vicente da Costa Lima (Secretaria de Ciência e Tecnologia de Alagoas)
Leandro Reizer (UFRGS)
Léo Peixoto Rodrigues (UFPEL)
Maria Caramez Carlotto (UFABC)
Sarita Albagli (IBICT)
Sayonara Leal (UNB)
Wilson Pedro (UFSCAR)

Comitês de Pesquisa