CP10 – Sociologia Econômica

Coordenação

Karina Gomes de Assis (UFSCar)
Rodrigo Cantu (UFPel)

A submissão deste Comitê de Pesquisa no âmbito da SBS justifica-se pela possibilidade de conferir maior visibilidade à crescente produção científica da Sociologia Econômica no país, mas também incentivar jovens pesquisadores – em formação em diversos programas de pós-graduação – a contribuir para o entendimento das transformações socioeconômicas no país e no mundo, na atual fase de desenvolvimento capitalista. Ademais, acredita-se que a especificidade da proposta pode contribuir para a diversificação temática das ciências sociais no Brasil, avançando na produção científica nacional de uma área de pesquisa já consolidada, e que vem incorporando novas gerações de pesquisadores brasileiros. Neste sentido, a continuidade da proposta concretiza uma área de estudos que desfruta de visibilidade e relevância no debate internacional e nacional.

Aqui vale destacar que o então GT de Sociologia Econômica na SBS vinha ocorrendo sistematicamente desde a edição de 2009, no Rio de Janeiro; assim já completou 10 anos de existência. Em seu histórico, o GT contou com pesquisadores ligados a grupos de pesquisa de diversas instituições do país.

Portanto, é importante ressaltar o caráter geograficamente plural deste grupo, que tem conseguido abarcar trabalhos produzidos em diferentes centros de pesquisa e sob diferentes perspectivas teórico-metodológicas. Assim, a continuidade da proposta como Comitê de Pesquisa pretende aprofundar a consolidação, ampliação e diversificação desse ambiente privilegiado de interlocução dos participantes da rede, legitimando uma área de estudos que desfruta de visibilidade e relevância no debate acadêmico em âmbitos nacional e internacional.

A agenda de investigações construída a partir da Nova Sociologia Econômica (NSE) trouxe para a Sociologia contemporânea o debate a respeito da construção social do mercado (desenvolvido por diversos autores, como Pierre Bourdieu, Viviana Zelizer, Mark Granovetter, Neil Fligstein, Philippe Steiner, entre outros) e da imbricação (embeddedness) do econômico no social, indicando uma trilha de investigação sociológica da vida econômica e consolidando uma perspectiva estrutural centrada na análise de redes sociais. Tais estudos abriram a possibilidade para um diálogo crítico com economistas interessados na abordagem do papel das instituições na vida econômica e se articularam com uma série de perspectivas (estudos culturais, neoinstitucionalismo, economia política, etc.) no sentido de conferir maior sofisticação à análise sociológica da vida econômica e incorporar os clássicos ao dia a dia da disciplina. Essa aproximação deu origem, ademais, a investigações mais detidas sobre as funções normativas do conhecimento econômico na vida social, em particular no que respeita aos enfoques acerca dos dispositivos de mercado e da performatividade.

A Sociologia Econômica é, assim, essencialmente, interdisciplinar, uma vez que recorre a alguns dos principais clássicos do pensamento social (Marx, Weber, Durkheim, Simmel, Polanyi, etc.) para realçar a natureza social dos fenômenos econômicos e distanciar-se, em algum grau, das interpretações que reduzem o sentido das motivações econômicas exclusivamente à racionalidade da ação individual. Ademais, o desenvolvimento do campo da Sociologia Econômica ampliou o leque de temas de pesquisa, passando a incluir possibilidades investigativas, tais como mercados e suas instituições (financeiros, agroalimentares, de bens culturais, de trabalho, dentre outros, e o papel do Estado, finanças, agências reguladoras, agentes sociopolíticos e empresariais); relação entre sistemas de produção e territórios/nações (mecanismos de governança, atração de investimentos, relações interfirmas, práticas de contestação, papel dos agentes políticos); e processos de inovação econômica (redes de geração, mecanismos de difusão e práticas de uso de bens e serviços).

Neste Comitê de Pesquisa visamos reunir trabalhos e pesquisadores que buscam integrar o rigor à inovação metodológica, independentemente das perspectivas teóricas e objetos empíricos privilegiados. A expectativa de renovação desta comunidade como Comitê de Pesquisa diz respeito, assim, à promoção e difusão de técnicas de investigação e abordagens metodológicas sofisticadas especificamente voltadas à análise dos processos implicados na produção e reprodução de atividades econômicas. A presente proposta para o Comitê de Pesquisa Sociologia Econômica busca abrigar subtemas de pesquisa emergentes e já consolidados, enfocando, primeiramente, as discussões sobre mercados e suas instituições, elementos que assumem posição privilegiada no conhecimento da vida econômica nas sociedades contemporâneas. As trocas em mercados são centrais no capitalismo, envolvendo não apenas a disputa pelo preço (na racionalidade econômica, tenderia ao equilíbrio), mas também transações entre agentes que se movem por mapas cognitivos, por interesses imersos em relações sociais e por garantias governamentais, desfazendo-se a ideia de que se trata de um espaço de trocas impessoais. A proposta é explorar os condicionantes socioculturais e político-institucionais, bem como o papel do Estado, implicados na formação, estabilização e transformação de mercados.

Um segundo subtema em ascensão na Sociologia Econômica envolve o debate acerca dos sistemas transnacionais de produção e sua operação nas diferentes escalas da ação social, cruciais na análise dos limites e possibilidades de crescimento econômico e da forma de integração do país a processos econômicos globais. Ao contrário das suposições sobre uma suposta convergência institucional no processo de globalização econômica, estudos sobre o tema têm contribuído para revelar a diversidade de trajetórias de empresas e territórios no processo de inserção em cadeias globais de valor ou em redes globais de produção.

Por fim, o subtema conhecimento e tecnologia se encontra em ascensão, se articulando a debates sobre inovação e redes de colaboração, crescimento econômico e desenvolvimento territorial, assim como a dinâmicas normativas na conformação de políticas públicas. Nesse âmbito, contribuições oriundas dos estudos sociais de ciência e tecnologia e a adoção de enfoques centrados em dispositivos tecnológicos e na performatividade do conhecimento em ciências econômicas e campos correlatos têm apontado para a complexidade, caráter mediado e morfologia de rede das relações sociais de tipo econômico.

Apoiadores

Rodrigo Salles Pereira dos Santos (UFRJ)
Elaine da Silveira Leite (UFPel)
Raphael Jonathas da Costa Lima (UFF)
Cristiano Fonseca Monteiro (UFF)
Karina Gomes Assis (UFSCar)
Maria Aparecida Chaves Jardim (UNESP)
Antonio José Junqueira Botelho (UCAM)
Thais Joi Martins (UFRB)
José Ricardo Ramalho (UFRJ)
Marcelo Sampaio Carneiro (UFMA)
Paulo André Niederle (UFRGS)
André Vereta Nahoum (USP)
Moisés Villamil Balestro (UnB)
Antonio José Pedroso Neto (UFT)
Nadya Araújo Guimarães (USP)
João Assis Dulci (UFJF)
Marcia da Silva Mazon (UFSC)
Márcio Rogério Silva (UFGD)
Evaristo José de Lima Neto (UFMA)
Ary Cesar Minella (UFSC)
Maurício Reinert (UEM)

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